Uma forma bem prática de estimar quão competitivo é um setor de mercado é analisar o grau de diferença entre suas opções de produto. Afinal, um “alerta vermelho” para a revisão de estratégias é quando os rivais aparecem ou ficam mais fortes. Como estes procuram atacar pela diferenciação, às empresas pioneiras só resta voltar a exaltar o que lhes fez famosas em primeiro lugar. Isso é o que a Honda começa a fazer entre os sedãs grandes, setor cuja importância nos dias de hoje era inimaginável ainda dez anos atrás.
“Sedãs grandes”, ao menos no Brasil. são aqueles cujo porte, ficha técnica e preço lhe deixam logo acima dos médios, sem uma categoria intermediária como a premium, que por sua vez separa os médios dos compactos. A exceção entre os grandes são os de alto luxo, como BMW ou Mercedes-Benz: é de se esperar que a futura produção nacional realize o desejo geral de ficarem baratos a ponto de concorrer em pé de igualdade com os demais. Estes giram em torno dos cem mil reais, e formam um mercado interessante porque cada um tem um foco subjetivo bem definido, por cima do já típico nível elevado de requinte e conforto. O Ford Fusion, por exemplo, aposta em muita tecnologia embarcada e em design atraente. Este já foi a vantagem do Hyundai Sonata, que agora começa a se voltar ao custo/benefício. Já o VW Jetta aposta no desempenho, enquanto modelos como o Jaguar XF confiam no prestígio da marca. Por fim, o caso do Accord é muito parecido ao do novo Chevrolet Malibu, que está previsto para breve: a sobriedade. As linhas do Honda têm classe. Seus elementos são bonitos e bem-proporcionados, mas focam na discrição. Não viram todos os pescoços em uma rua, mas os que o veem gastam vários segundos contemplando este carro, porque ele realmente tem muito o que observar.
Todo esse porte mais refinado encontra resposta no comprimento de 4,86 m e na largura de 1,85 m, mas são os 2,77 m de entre-eixos que encantam quem está do lado de dentro. Ele ficou menor que a geração anterior, mas teve o interior reformado por completo para trazer espaço interno muito maior. A elegância também se faz presente na cabine, cujos elementos vêm carregados de tecnologia mas não a ostentam. O Accord volta em duas versões, a primeira partindo de R$ 119.900 e já trazendo um pacote muito interessante: ele inclui central de entretenimento multimídia com tela de 8”, câmera de ré, controles de estabilidade e tração, assistência em ladeiras, seis airbags e o modo Econ como no Civic. A versão V6 justifica seus R$ 147.900 somando luxos como LEDs diurnos, partida sem chave, teto solar elétrico, rodas de 17”, monitor de pontos cegos e alguns detalhes externos cromados. Sempre vindas em branco Pérola, prata Global metálico e preto Cristal perolizado, as versões trazem respectivamente o 2.4 16v e o 3.5 V6, ambos com a tecnologia Earth Dreams para aumentar a eficiência. O primeiro traz 175 cv de potência e 23 kgfm de torque, números que vão a interessantes 280 cv e 34,9 kgfm no segundo. Os câmbios automáticos têm cinco e seis marchas, na ordem, e o motor V6 ainda conta com desativamento de três cilindros em caso de baixa necessidade, para economizar combustível.