Unir as qualidades de múltiplas categorias de carros em um só é um dos desejos mais frequentes nesta indústria. Mas o problema com essa utopia é que os tipos de uso pedem qualidades opostas entre si, tais como rodagem elevada para o fora-de-estrada e baixa para correr mais. A única saída seria o meio-termo, e portanto atender mal a todos. Por outro lado, atender a dois de cada vez é uma solução cujo sucesso já dura décadas, quando bem aplicada. Nossa mais nova versão do Classe E é um perfeito exemplo disso.
Talvez você lembre de como a Fiat foi feliz com a Palio Adventure. Ela terminou criando toda uma linha no Brasil, tudo por aplicar alguns aspectos dos fora-de-estrada à linha urbana sem alcançar preços excessivos. Na Alemanha, o trunfo do Mercedes-Benz CLS foi associar o conforto dos sedãs ao estilo casual dos cupês com o bom gosto típico da marca. Os australianos cultuam as picapes derivadas de sedãs de luxo, em uma espécie de escala “mais cara” do que acontece aqui: a ideia é levar cargas maiores sem perder as qualidades da cabine do modelo original. Já quem tentou ser bom “em tudo” quase sempre esbarrou em algum aspecto que terminou virando sua causa mortis: exemplos disso são o design de BMW Série 5 GT e, principalmente, Pontiac Aztek.
Pode-se observar, então, que é mais fácil prosperar trabalhando somente com duas categorias. Especialmente se a proposta é oferecer uma inteira combinada apenas a “traços” da outra. E isso é o que acaba justificando todo o sucesso que versões esportivas como esta fazem há tanto tempo. O Classe E continua sendo um sedã e nunca vai deixar de ser, o que inclui conservar aspectos como o visual conservador e o leve ar de limusine. Mas não é por isso que ele vai se limitar a motores lentos, muito pelo contrário. Existem muitos clientes que até gostariam de ter um superesportivo, mas não chegam a querer (e/ou poder) sair do conjunto de um sedã. Versões como as S e RS da Audi, M da BMW e AMG da Mercedes-Benz lhes caem como uma luva.
Você nunca vai ver um Classe E saindo de fábrica com detalhes em cores chamativas, anexos aerodinâmicos de formas exageradas ou mesmo ronco do motor alto demais, simplesmente porque seu objetivo não é nada disso. Itens como as entradas de ar avantajadas no parachoque dianteiro, grade dianteira e rodas de liga leve pretas aro 19” exclusivas, spoiler traseiro e novo parachoque traseiro com quatro saídas de escape não têm dificuldade de chamar atenção, mas a sensação nos mais leigos será apenas de muito bom gosto. Perceber que se trata de uma versão esportiva será esperado apenas para os aficionados, e ainda assim como uma impressão que vai se somar àquela, e nunca substituí-la.
Além disso, se o exterior do E63 AMG não ostenta o que tem, não seria na cabine que ele perderia sua finesse. O revestimento em couro pode vir em bege, cinza ou preto, e vem combinado a itens como bancos esportivos na dianteira, central de entretenimento com unidade independente para o banco traseiro, sistema de áudio Harman-Kardon Logic 7 e o Active Park Assist, além da extensa lista de itens de segurança. Mas o comando para fazê-lo mostrar toda a capacidade que tem não é mais que acelerar: o motor 5.5 V8 biturbo passou a 557 cv e 73,4 kgfm e conta com o câmbio Speedshift MCT de sete marchas e quatro modos. Também vêm tração integral 4Matic e a suspensão esportiva Ride Control, com amortecimento eletrônico. Tudo isso garante 0 a 100 km/h em 3s7 e a máxima de 250 km/h, e sai por US$ 245.900.