Edições limitadas têm um poder de sedução interessante, que sem dúvida vai além do mundo dos carros. Algumas diferem mais do que outras, em relação ao produto normal, mas a garantia de sucesso vem para todas por conta do caráter novo que lhe é aplicado: ele não só é diferente do que já era conhecido como já se sabe de antemão que suas vendas não vão durar muito. Só para citar exemplos recentes, dessa fonte beberam LaFerrari, McLaren P1 e até a nossa VW Kombi. Assim como o superesportivo alemão deste artigo.
Outro fato sobre essa estratégia é que seu uso não varia tanto com o carro sobre o qual se aplica, mas sim sobre o nível de gastos que se pretende ter com a nova série. Elas aparecem com frequência mesmo no Brasil porque os carros mais baratos costumam recebê-las mais como uma ferramenta de marketing. Como a maior parte das alterações é restrita ao visual, a atração se faz mesmo é por aliar isso a uma lista de itens mais farta, com preços competitivos. O cliente aproveita o custo/benefício melhorado, e a montadora sai ganhando com a nova fonte de publicidade para seu produto, além das vendas mais rápidas que essas séries costumam ter. Já no outro extremo, quando se tem orçamento mais folgado, a situação é outra.
Carros que participam (ou querem participar) de faixas de preço mais elevadas, seja nos mercados de luxo, fora-de-estrada ou alta performance, não recebem opções focadas em aspectos como preço baixo primeiro porque esse não é um argumento importante para o público que têm, mas principalmente porque isso não condiz com a imagem que formaram (ou querem formar) perante o mesmo. É por isso que nesses casos a empresa se vê livre para investir em melhorar o carro. Aplicar mudanças que evoluam o conceito original ou até mesmo lhe tragam algum novo matiz, dependendo do caso. Depois de SLK, CLK e Classe C, agora é a vez de o SLS AMG honrar a Black Series e virar um excelente exemplo do caso das tais evoluções.
Neste caso, a inspiração para o visual veio do irmão de competições GT3. Ele recebeu um kit aerodinâmico de várias partes feitas em fibra de carbono, incluindo o aerofólio traseiro que se levanta sozinho quando se supera a velocidade de 120 km/h. As rodas ficaram mais largas para abrigar os novos discos de freio de cerâmica, além de contar com pintura negra e desenho com dez raios. Também vieram sistema de escape em titânio, entradas de ar adicionais para o motor e vários detalhes em CFRP: um dos resultados de aplicar materiais tão sofisticados é ter reduzido o peso total em 70 kg. Mas isso não teria o mesmo impacto se não fosse associado às melhorias que este cupê recebeu também sob o capô.
Seu interior inclui revestimento em Alcantara, sistema de som Bang & Olufsen e possibilidade de mais itens em fibra de carbono, além da central de entretenimento AMG com indicadores de performance, mas quem rouba os holofotes neste carro é a parte técnica: o amortecimento eletrônico opera em dois modos, a direção elétrica foi melhorada, vieram novos pneus e diferencial traseiro, o câmbio é o AMG Speedshift de sete marchas e vários modos de condução, e o motor foi retrabalhado para alcançar rotações maiores: o 6.3 V8 deste carro gera 639 cv e 64,3 kgfm, suficientes para chegar à máxima de 315 km/h. Das trezentas unidades que a Black Series terá, a marca trará quinze ao Brasil. Cada uma custa R$ 987 mil.