Tanto no Brasil como no resto do mundo, o mercado automotivo é repleto de situações em que um carro recebe atualizações que mudam muito mais ou muito menos do que “deveriam”. Em outras palavras, casos em que o que foi feito não chegou a resolver seus problemas ou então lhe alterou tanto que se passou a outro caso, e portanto com problemas diferentes. Levando isso em conta, quão agradável seria se o costume nesta indústria fosse na verdade agir como o que a Peugeot acaba de fazer com seu sedã médio?
Projeto contemporâneo, pouco atraso na chegada ao Brasil, estilo muito bem-resolvido, oferta de equipamentos condizente com a categoria, motores eficientes… Tudo parecia convergir ao sucesso para aquele três-volumes que já nasceu desfrutando dos benefícios da globalização: foi projetado na China a partir do 308 francês, e veio à América do Sul através da produção argentina. Mas seu único problema resultou ter ramificações em aspectos variados: ele era mais um a trazer a caixa automática de quatro marchas que na Citroën é chamada de BVA. Além de ser um conjunto antiquado, trabalhar com poucas velocidades não é bom porque traz relações longas demais. Isso faz o motor demorar mais para desenvolver, e não chega a trazer compensação no consumo de combustível.
Por outro lado, a suspensão sempre foi um ponto muito delicado dos carros franceses no país: depois do fiasco dos importados da década de 1990 a palavra de ordem virou reforçar a resistência desse item, mas no 408 ele já era rígido demais para o conforto que se espera de um sedã médio. Tudo isso tornou a vinda da Griffe THP uma bela “distração” dessas reclamações, com sua proposta de topo-de-linha, mas ao mesmo tempo era difícil de ver aquele câmbio de seis marchas tão eficiente oferecido apenas na versão mais cara. O resultado foi que as vendas se dividiram entre esta e as versões de entrada, com câmbio manual. Justo a faixa intermediária, que tem a maior parte das vendas, estava sendo relegada à concorrência.
Porém, como o 408 ainda é jovem o suficiente para não precisar de atualizações visuais, a Peugeot não perdeu tempo e fez justamente o que se desejava: estendeu a tão boa fama do tal automático de seis marchas ao 2.0 16v, assim como a marca-irmã fez com o C4 Lounge. Chamado de AT6, ele é fabricado pela Aisin e possui uma série de recursos para a boa dirigibilidade: impede que os modos Parking e Reverse sejam acionados em velocidades inapropriadas, lê o relevo sobre o qual se está trafegando para acionar o freio-motor ou manter-se na faixa mais alta de torque e repete a opção do modo Sport – a marca afirma ter recalibrado o motor para funcionar de forma mais esportiva neste e focar no conforto de sempre quando funcionando em Drive.
Tanto esforço é válido porque o problema dessa dupla nunca foi o motor: o 2.0 16v tem duplo comando de válvulas e produz 143/151 cv de potência e 20/22 kgfm de torque (gasolina/etanol). Também foi informado que agora se usam pneus Pirelli P7 de menor resistência ao rolamento e que até a suspensão foi melhorada, através de adição e troca de partes para filtrar melhor as irregularidades do piso e garantir operação mais suave. Todo esse conjunto não podia trazer outro resultado senão melhorias nos tempos de aceleração e retomada ao mesmo tempo em que o consumo se reduziu, ao redor de 5%. A novidade é oferecida na versão Allure por R$ 65.990. O mesmo câmbio já estava disponível na Griffe THP por R$ 73.990, mas com o 1.6 turbo de 165 cv. Já a Allure manual repete apenas o 2.0 e sai por R$ 59.990.