Ela começou a ser flagrada nos primeiros testes, com protótipos que ainda nem usavam a carroceria definitiva. Quando esta apareceu, as fotos não só aumentaram como motivaram as primeiras projeções virtuais. Depois, foi a vez de procurar registrar seu interior. Quando ela finalmente fez sua primeira aparição pública, escolheu nada menos que a Áustria. Por fim, sua estreia no Brasil se faz em estilo de avant-prémiere, usando a Fenatran. Quem diria que a nova Fiorino viria com mais pompa e circunstância que muito carro bem mais caro?
Este carro se torna interessante de analisar quando se percebe que ele é um excelente símbolo do que se tornou a Fiat brasileira, ao longo dos anos. Existem vários modelos que nunca chegaram aqui, mas sua linha no Brasil é mais numerosa que a de muitos outros países, além de contar com uma série de modelos de criação e produção nacionais. Tamanha especialização em atender o público brasileiro é o que vem lhe mantendo firme na liderança das vendas, ao mesmo tempo que esta é a principal razão pela qual a marca não deixa de se esforçar em conciliar as diretrizes globais com a satisfação do maior número possível de preferências exclusivas daqui.
Quando se fala em Fiorino na Europa, por exemplo, o carro que sempre vem à mente é um furgão – a picape que nós tivemos foi exclusividade nossa. Lá, sua geração atual virou uma multivan compacta (nos moldes do Doblò), cuja versão de passageiros atende pelo nome Qubo. Trazê-la ao Brasil não valeria a pena porque o que importa nesta categoria é ter a melhor relação “confiabilidade/custo” possível. Por mais que a qualidade do europeu seja elevada (seu projeto foi criado em conjunto com o grupo PSA), ele chegaria aqui caro demais e com a imagem de produto estreante. Não teria a comprovação de durabilidade que o uso comercial tanto valoriza, e que só se consegue mesmo com os anos de mercado.
Foram estes dois aspectos, então, que fizeram a Fiorino brasileira chegar da forma que se vê nas fotos. A parte dos custos se resolve mantendo o porte compacto, com mais capacidade de carga que um hatchback mas menos que uma multivan. Já a confiabilidade se reforça ao utilizar o projeto do Uno, mais uma vez. A nova Fiorino traz o mesmo conjunto até as portas dianteiras (que são as do hatchback duas-portas), mas começa caminho próprio a partir da elevação do teto, que nestes carros serve de defletor para o nível mais alto do baú – a Fiat afirma que as formas mais suaves do modelo novo são mais aerodinâmicas, o que converge a reduzir o consumo. Agora ela leva até 650 kg, um aumento de 30 kg em relação à antecessora.
Além disso, as portas traseiras agora são assimétricas e contam com um toque de criatividade no formato do par de janelas: quem disse que a versão de carga não pode repetir o round square do Uno? Porém, vale notar que a nova Fiorino não carrega só estes “genes”. Sua plataforma herda a suspensão traseira da Strada, cujo esquema de feixe de molas é mais resistente ao uso severo, ao passo que as lanternas verticalizadas vêm do Doblò. Além disso, o antigo motor 1.3 Fire foi trocado pelo 1.4 Fire Evo, que rende 85/88 cv e 12,4/12,5 kgfm. Com freios ABS e airbag duplo de série, os destaques opcionais são o kit Young, com parachoques na cor externa e calotas integrais, quatro opções de cor e até sensor de estacionamento. O modelo parte de R$ 38.540.