Trabalhar com “vida dupla” vem fazendo a Hyundai ter uma trajetória interessante no Brasil. A divisão nacional estreou com muito alarde, mas conseguiu tornar as boas vendas da linha HB20 um fenômeno estável. Já a importadora Caoa alterna entre extremos muito distantes, como os casos de i30, Sonata e Veloster. O Elantra escapou dessa sina por pouco, mas a empresa ainda não pode deitar sobre os louros novamente – menos ainda da forma de antes. Ele chega à linha 2014 investindo fortemente em ser mais competitivo “no mundo real”.
Pode-se dizer que o único problema dos Hyundai mais luxuosos é o preço. Seus projetos são atuais, o design já virou febre em vários países, e as listas de equipamentos condizem com a proposta de cada um. Contudo, como com a maioria dos produtos comerciais, a opinião que os clientes formam sempre está relacionada com o preço dos mesmos. Por melhor que um carro determinado seja, se ele custa caro demais para o público-alvo desejado nunca vai vender bem. No Brasil, os problemas que a montadora coreana sofreu com os carros mencionados no começo deste artigo vieram principalmente dessa questão. Um exemplo disso foi deixar de trazer o Sonata, pelo fato de seus preços serem muito parecidos aos do irmão maior Azera.
Quando se fala no Elantra, sua novidade anterior foi a adoção do motor 2.0 16v flex, apesar de ter acompanhado um aumento de preços que lhe deixou perto de sedãs maiores. Como suas vendas não decolaram, ele começou a ganhar reduções gradativas sem mudar o conteúdo. A atualização de agora torna-se interessante justamente pelo fato de seguir o caminho contrário: o sedã médio pode não ter mudado muito, mas manteve os preços no mesmo patamar, que por sua vez já era comparável ao dos principais concorrentes. Com isso, agora sim ele tem chances de competir em pé de igualdade com eles, ainda que apenas em suas versões de topo. Custando R$ 83.400, ele fica acima do Citroën C4 Lounge e abaixo do Volkswagen Jetta, por exemplo.
Suas tão faladas novidades estrearam no ano passado, durante o último Salão de Los Angeles. Ele jamais perderia o famoso design em “escultura fluida” porque essa vem sendo a base da fama dos Hyundai desde 2008, mas pôde adicionar um toque de refinamento ao conjunto. Os farois tiveram o conjunto interno redesenhado, o parachoque dianteiro ganhou farois de neblina com moldura em forma de “L”, e a grade dianteira foi retocada. Nas laterais, a atenção é dividida entre as novas rodas de 16” em alumínio e o filete cromado na moldura inferior das janelas. A traseira, por fim, teve as lanternas escurecidas. Não são mudanças que saltam aos olhos – ou que justifiquem que o site o chame de “New Elantra” – mas passam impressão melhor que a do modelo anterior.
No interior, uma mudança curiosa foi a das saídas de ar centrais. Elas passaram a ocupar os elementos prateados que ladeiam o console central, deixando de ficar abaixo dos mesmos. Apesar de simples, essa mudança deixou o conjunto tão mais harmônico que faz qualquer observador se perguntar por que a marca não pensou nela desde o começo. Outra novidade é a adoção da central multimídia usada pelo i30, com touchscreen de sete polegadas e que exibe as imagens da câmera de ré. Optando pela carroceria em cor branca, a cabine do Elantra ainda pode vir em bege, conferindo um visual mais sóbrio. Todo o resto da lista de equipamentos permanece inalterado, assim como o eficiente motor 2.0 16v de até 178 cv e 21,5 kgfm.