Muita gente fez alvoroço por conta de o Gol ter perdido a liderança de vendas no Brasil, em março passado, mas na verdade isso já aconteceu outras vezes. Não é qualquer um que lembra porque foram eventos isolados, em que o desempenho de um mês não chegou a lhe afetar nem um pouco no acumulado anual. No entanto, a de agora ganha importância tanto porque o mercado vem passando por mudanças importantes como pelo fato de o próprio Gol ter se virado a outros caminhos. Seu passo mais recente é a linha 2015, que você está prestes a conhecer.
Por mais que sua geração atual tenha vendido muito bem desde o lançamento, em momento algum o Gol deixou de depender da antiga, que em seus primeiros dias recebeu o famoso apelido “Bolinha”. O novo passou a atrair quem valoriza imagem e modernidade, enquanto os que têm orçamento mais limitado continuavam com o antigo. Era uma situação maravilhosa para a montadora, mas que chegou ao fim com a obrigatoriedade dos freios ABS e do airbag duplo. O Gol G4 poderia ter recebido ambos, mas a questão é que isso lhe tiraria o apelo do custo, que era a razão principal pela qual ele ainda vendia bem. Com isso, a empresa não pôde mais continuar aproveitando a estratégia que usava há décadas. O contexto atual pedia mudanças profundas.
Uma delas foi lidar com o segmento de entrada de uma forma totalmente diferente, através do up!. Como ele foi projetado especificamente para essa classe, o Gol “novo” ficou livre para aproveitar seu potencial tanto quanto à parte de construção, que ainda está em sintonia com o nível do segmento, como quanto à imagem, que sempre se baseou na sofisticação mecânica. Em outras palavras, uma vez que passou o setor de entrada para o irmão menor, ele pôde entrar por completo no “segundo nível” do nosso mercado. Deixou de competir também com Chevrolet Celta e Fiat Uno para se especializar em Chevrolet Onix e Agile e Fiat Palio, para dar exemplos aleatórios. Não subiu ainda mais porque na categoria premium a VW já tem suas estratégias com Polo e Fox.
Este contexto é o que origina a novidade deste artigo. Seu novo motor 1.6 16v MSI é parente direto da famosa família TSI (a sigla diferente vem da retirada do turbo), e chegar apenas na versão topo-de-linha Rallye é só mais uma prova de que o Gol quer focar em faixas de preço maiores. Se os números de 110/120 cv e 15,8/16,8 kgfm para potência e torque (gasolina/álcool) não superam o nível da categoria, outro fato é que ele busca agradar por outros aspectos, tais como consumo e emissões reduzidos graças à elevada tecnologia embarcada. Ele também já pode vir com o câmbio automatizado I-Motion, que por sua vez recebeu melhorias pontuais para funcionar em forma mais suave. Os motores 1.0 e 1.6 oito-válvulas permanecem em linha e sem alterações.
Outra novidade do Gol 2015 é mais uma revisão da lista de versões. Ela agora começa com a Trendline, que traz de série chave canivete, direção hidráulica e vidros dianteiros e travas elétricos, entre outros. Já a Comfortline soma detalhes externos na cor do veículo, luzes de seta nos retrovisores e sistema de som multimídia, mas tem como maior destaque o pacote Fun, que muda o acabamento interno e soma tecido dos bancos exclusivo, volante em couro, pedaleiras esportivas e os logotipos alusivos. Com a Highline vêm alarme, ar-condicionado, detalhes externos cromados e volante multifuncional, enquanto o Rallye agrega os acessórios visuais externos e internos vistos nas imagens e a suspensão elevada. Também vieram quatro cores novas.