Assim como com os hatchbacks, o aumento da demanda por sedãs pequenos nos últimos anos levou a que eles se subdividissem, para atender tanto a clientes recorrentes como novos. A Chevrolet, por exemplo, tem quatro sedãs entre a categoria de entrada e a premium. Considerando a participação real que o Linea tem, a Fiat trabalha com três, enquanto a Ford vem se defendendo com as duas gerações do Fiesta. Já na Volkswagen, a situação com o Polo parafraseia aquele provérbio: se com ele em linha é ruim, sem ele fica pior para o Voyage.
Em 1994, a segunda geração da família Gol chegou ao Brasil sem uma variação sedã porque a Volkswagen achou que não teria demanda suficiente para justificar o investimento. A intenção era atender este público com opções mais caras, porque até então os sedãs eram tidos como opções mais requintadas que os hatchbacks, mas o fato é que ela nunca conseguiu prosperar com um três-volumes após o primeiro Voyage: Apollo e Logus só mostraram as desvantagens da estratégia de badge-engineering, ao passo que o Polo Classic tinha preço demais e imagem de menos para ocupar a lacuna da família Gol. A participação da marca com os médios e os grandes sempre foi boa, primeiro com o Santana e depois com Bora/Jetta e Passat, mas no andar de baixo a situação era outra.
Sua primeira resposta veio com a dupla Polo, em 2002, mas ela acabou enfrentando o cenário ruim de inovar em um mercado: como ainda não se falava em carro premium aqui, estes foram vistos como caros demais para um compacto e pequenos demais para um médio. Quando essa categoria finalmente se estabeleceu no Brasil, o Polo já havia amargado toda a primeira metade do seu ciclo de vida com vendas baixas, especialmente o sedã. Essa é a razão pela qual essa família provavelmente não terá sucessores diretos por aqui. As expectativas giram em torno de o Fox ganhar em requinte para evitar competir com o Gol e ocupar o lugar do Polo hatchback, mas ainda não se fala nada de um novo três-volumes.
Quanto ao Voyage, sua geração atual vem vendendo muito bem desde o lançamento, mas uma das maiores razões disso é a falta de opções na marca. Sua vida começou fácil porque ele focou nas categorias mais baratas, mas agora que o Polo está no final da vida, ele recebe a árdua missão de convencer quem compra Ford Fiesta Sedan a levar a versão de topo do mesmo carro que também briga com Chevrolet Classic, para dar exemplos aleatórios. Para este papel veio a nova versão Evidence, que associa o nome imortalizado pelo Santana à cabine melhorada com mais equipamentos de série, painel em duas tonalidades de cinza, porta-objetos com sobretapetes e bancos com revestimento exclusivo em Alcantara.
Seu conjunto não é ruim, mas sofre com o uso excessivo da economia de escala: o exterior só se distingue pelo logotipo das laterais, cujo formato simula um repetidor de luz de seta. Se não dá para entender por que justo ele foi o único a não receber o motor 1.6 16v estreado nas versões de topo de Gol e Saveiro, utilizar em uma versão de estilo sóbrio as mesmas rodas do Gol Rallye já se aproxima do ridículo. As outras versões do Voyage agora se chamam Trendline, Comfortline e Highline, com as respectivas ofertas de equipamentos similares às do Gol. Também veio para o sedã o pacote Fun, que se aplica à segunda versão e traz acabamento interno diferenciado, bancos com tecido exclusivo, pedaleiras esportivas, volante em couro e adesivos alusivos.