Você já percebeu que a tabela de preços das montadoras costuma seguir uma estratégia de escada? A concepção original era de cada modelo formar um “degrau” inteiro sozinho, mas o passar dos anos vem se encarregando de mudar os padrões com rapidez. Fatores como idade dos carros e entrada em novos mercados permitiram que um mesmo perfil de cliente possa ser atendido por vários modelos da marca. Ou, quando se passa ao caso que você está prestes a conhecer, que ele seja tentado a se aventurar por uma marca até então inalcançável.
Observe a tabela da Fiat, por exemplo. Um Palio Fire completo esbarra nos preços do Uno. Equipar este último com tudo o que se tem direito leva a pensar em um Palio. Já quem parte deste fica tentado com o Punto. Se subir um pouco mais, com o Bravo. E é assim que a maioria das montadoras trabalha. O cliente ganha em variedade de opções, e as montadoras ganham quando estes respondem ao estímulo de “subir um pouco mais” em sua linha. A categoria de sedãs médios no Brasil, sem falar de nenhuma marca em particular, cresceu tanto nos últimos anos que já apresenta comportamento parecido. Assim como o Kia Cerato se enfoca nas faixas de preço mais baixas, carros como Ford Focus e Toyota Corolla flertam com o outro extremo.
Tal evento se torna interessante porque já se estabeleceu tão bem no mercado que agora começa a ter recíproca. Nomes como Accord, Fusion e Optima começaram como um nicho, oferecendo lista de equipamentos parecida à de sedãs BMW ou Mercedes-Benz aliada ao preço resultante do prestígio menor de marcas como Honda, Ford ou Kia. Mas assim como estes clientes vêm sendo seduzidos pelos médios, o outro andar também começou a se interessar por eles. Isso é o que motivou veículos como A3 Sedan e CLA, para não sair dos três-volumes. E se a ideia é aventurar-se nas brigas alheias, o lançamento deste artigo pode ser visto como o gesto que já foi pensado por muitos, mas nunca mais que isso: por que se deveria superar só uma fronteira?
Pedir R$ 94.800 pela nova versão de entrada deste sedã (mesmo valor da equivalente do A3 Sportback) significa travar briga direta com aqueles dois médios. Claro que são as topo-de-linha daqueles contra a básica deste, e uns cinco mil reais de diferença a favor dos dois, mas este “é um Audi”. Essas três palavras traduzem a intenção das Três Grandes alemãs de aumentar as vendas estendendo sua imagem a faixas de preço mais acessíveis. O motor 1.4 TFSI do A3 Sedan realmente não impressiona, mas seus 122 cv dão conta do recado. E se é para falar de sua tecnologia embarcada, o câmbio automatizado S-Tronic de dupla embreagem e sete marchas coleciona elogios em todo o mundo. E não tem nenhum semelhante de produção nacional, até agora.
Quanto aos equipamentos, ele continua a mimar o dono com ar-condicionado digital, airbags frontais, laterais e de joelhos, central de entretenimento, controles de tração e estabilidade, farois bi-xenônio, hill holder, lanternas de LED, rodas de liga leve aro 16”, sistema de som multimídia e start/stop, entre outros. Equipamentos de níveis de luxo superiores, como sistema de áudio mais sofisticado e teto solar panorâmico, aparecem a partir da versão Attraction 1.4, que sai por R$ 99.800. Sem contar com as dotadas de motor 1.8 TFSI, mas que também são mais caras. Se você quiser combinar o pacote da primeira ao motor de 180 cv, ele fica em R$ 113.700. E se preferir a topo-de-linha Ambition, R$ 126.700 sem opcionais.