Se tivermos que descrever a família Palio de primeira geração com uma só palavra, com “versátil” não há muito o que melhorar. Lançada em 1996, ela originou quatro modelos e o total de oito carrocerias diferentes, metade destas para a picape Strada. Se aquele lado inovador de outrora já se perdeu, agora essa família atrai por valores como custo baixo e confiabilidade mecânica. Como o papel de entrada à linha Fiat brasileira foi passado ao Palio Fire, este agora recebe a mesma versão que começou a fazer sucesso ainda no Mille.
Quando se fala neste nicho de mercado, que no Brasil costuma se chamar “aventureiro urbano”, quase qualquer pessoa que já tenha visto algo sobre o mesmo já seria capaz de recitar o conjunto de características que forma a sua proposta para o mercado: adaptar algumas das características de utilitários fora-de-estrada a carros urbanos, para associar vantagens de cada lado em novos modelos criados a partir destes últimos, para conseguir ainda um preço razoável. A questão é que, na prática, o público passou a se interessar mais pelo visual diferenciado destes que por suas (reduzidas) habilidades em terrenos acidentados. Com isso, pouco a pouco fomos chegando a uma oferta que hoje inclui Chevrolet Tracker e Ford EcoSport, com preços que já beiram os R$ 90 mil.
Contudo, foi justamente essa escalada de preços que terminou liberando um espaço interessante na outra ponta. Várias marcas já tentaram, mas vender essa receita de aventureiro urbano aplicada a carros populares não é para qualquer um: tente procurar quanto tempo duraram em linha Citroën C3 XTR, Chevrolet Celta Off-Road e Ford Fiesta Trail, por exemplo. Hoje em dia só existem dois representantes desse “nicho de nicho”, e são versões de ninguém menos que Gol e Palio Fire: Track e a que acaba de chegar, Way. Aqui o maior atrativo é a suspensão elevada, porque permite transpor as ruas mal-conservadas com mais facilidade e menores danos. Por outro lado, quando se trata de carros tão comuns como estes, mesmo a menor diferenciação visual é sempre bem-vinda.
Esta, portanto, é a receita que a Fiat fez prosperar com o Mille e agora repassa ao que virou seu substituto. Seus R$ 27.860 iniciais trazem um aumento de R$ 1.070 em relação ao Fire de quatro portas (não há Way com duas), e a maior parte desse valor se aplica por fora: estão lá farois com máscara negra, molduras nas caixas de roda, grade dianteira com seção inferior em preto, aplique preto na seção central dos parachoques (simula difusores de ar), capas dos retrovisores externos na cor prata, adesivo alusivo nas laterais e novas calotas (de série) e rodas de liga leve (opcionais) pintadas em cinza. Ambas usam aro 14”, e as últimas ainda são as mesmas que o Uno Way usou na época do lançamento. E claro, não poderia faltar a suspensão elevada em 15 mm.
Por dentro, a lista de novidades se reduz aos bancos dianteiros, que ganharam o logotipo da versão bordado nos encostos, e o novo quadro de instrumentos (derivado do equipamento usado no Uno) sempre incluindo o conta-giros. Ainda que esta seja a versão topo-de-linha do Palio Fire, sua lista de itens de série não foge ao padrão da categoria: seus destaques estão concentrados na lista de opcionais, que conta com ar-condicionado, direção hidráulica, sistema de áudio com leitor de MP3, travas e vidros dianteiros elétricos e as tais rodas de liga leve. Seu motor é sempre o 1.0 bicombustível, que gera potência de até 75 cv e torque de até 9,9 kgfm e sempre usa o câmbio manual de cinco marchas.