Picapes compactas são um dos segmentos nos quais Fiat e Volkswagen travam disputa acirrada no Brasil. Porém, não é difícil reparar que cada marca usa estratégias muito diferentes. Os italianos estão em sua terceira picape, e vêm mantendo o mesmo espírito inovador com o qual a 147 Pick-up fundou esta categoria, em 1978. Já os alemães achavam que para responder bastava apoiar-se no conjunto do Gol, mas isso não foi suficiente. Agora, os passos mais recentes da Saveiro não fazem mais que materializar aquele provérbio: quem não cria…
Faça as listas: a Strada trouxe à sua categoria cabine estendida, versões pseudo-aventureira e esportiva, bloqueio do diferencial e cabine dupla, esta última ganhando uma terceira porta mais tarde. As concorrentes que passaram por ela, por outro lado, são: Chevrolet Corsa Pick-up e Montana, Ford Courier, Peugeot Hoggar e a Saveiro, esta e a segunda em duas gerações. A diferença é que só a picape da Volkswagen chegou a liderar o mercado antes do domínio da Strada. Então, certamente é por isso que sua fabricante é a única que não pretende ceder os pontos, mesmo que isso signifique assumir o seguimento aos passos daquela. O que os alemães procuram fazer é apenas aplicá-los de maneiras consideradas melhores que as da Strada.
Pelas imagens já se percebe que as mudanças só começam após as portas dianteiras. Como a cabine foi esticada, a janela traseira cresceu o suficiente para ganhar abertura basculante. Já a caçamba, naturalmente, foi reduzida ao comprimento de 1,10 m e ao volume de 580 litros, porque o tamanho total não foi alterado. Um detalhe curioso é que os ocupantes de trás ganharam mais espaço através de uma elevação somente no centro do teto, formando uma solução parecida à da primeira Dacia Logan MCV. Isso permitiu evitar mexer ainda mais nas laterais, o que certamente implicaria em aumento de custos. Porém, o impacto visual foi dissimulado com a adoção do rack de teto de série, cuja forma varia com a versão de acabamento do carro.
Entrar no carro não necessita de uma porta adicional porque, segundo o fabricante, o acesso ao banco traseiro é o mesmo do Gol duas-portas (com o qual a picape compartilha as mesmas, aliás). A vantagem da Saveiro sobre a Strada é levar um passageiro a mais, totalizando cinco. Quem vai na segunda fila ainda ganha dois porta-garrafas de até 500 mL e uma saída de 12V. Já o motorista sai beneficiado com a adoção do desembaçador traseiro como item de série. A Volkswagen também afirma que há 94,5 cm de espaço para a cabeça no banco traseiro e “mais espaço para as pernas entre o banco traseiro e dianteiro, superando o modelo concorrente”. Para colaborar com tudo isso, o estepe precisou ficar sob a caçamba.
Todas essas novidades virão em três versões: a Trendline parte de R$ 47.490 e traz de série direção hidráulica, farois duplos, freios a disco nas quatro rodas e travas e vidros elétricos, entre outros. A inédita Highline vai a R$ 52.720 e soma ar-condicionado, computador de bordo, sistema de áudio multimídia e volante multifuncional. Já a Cross justifica seus R$ 59.990 adicionando bloqueio de diferencial, capota marítima, controle de estabilidade, freios ABS off-road, hill holder, rodas de liga leve aro 15” com pneus de uso misto, sensor de estacionamento e volante ajustável. As duas primeiras continuam com o motor 1.6 VHT de até 104 cv, enquanto a Cross repete o 1.6 16v MSI de até 120 cv.