“Tudo é relativo” é uma redução da teoria de Einstein que se encaixa no dia-a-dia tão bem quanto qualquer ditado popular. E como tal, é fácil adaptá-la ao mundo automotivo. Uma empresa sempre vai cobrir seu produto de qualidades, mas o fato é que qualquer opinião que se forme sempre tem um ponto de vista particular. E isso é o que resume a novidade deste artigo. Comparado a si mesmo, este é o melhor Fox já feito. Em relação à linha VW brasileira, ele mereceu até subir de categoria. Porém, comparado à concorrência, será ele suficiente?
Analisar a trajetória da Volkswagen em nosso país faz pensar que ultimamente os alemães vêm pagando a própria língua. Entre os anos 1990 e 2000, o mote de seus lançamentos era levar ao Brasil os mesmos carros vendidos no resto do mundo. Isso foi iniciado pela primeira reforma geral do Gol, em 1994, efetivado pela vinda de Golf e Polo, que mais tarde ganhariam produção nacional, e concluído com a estreia do Fox. Porém, o tempo passou. O mercado ficou mais exigente, e a VW precisava voltar a se atualizar. O problema era que tanto trazer o similar europeu (que ficou muito mais sofisticado) como criar um substituto nacional traria custos que só compensam quando o volume de vendas é elevado.
Com isso, a solução encontrada foi “maquiar” o que já se tinha em mãos, adicionar mais equipamentos, e vendê-los enquanto a resposta do mercado for satisfatória. Esse ponto de inflexão chegou para o Gol em 2008, para o Golf no ano passado, e só. Como Fox e Polo estavam envelhecendo juntos (eles foram lançados aqui em 2003 e 2002), mas só o segundo tem um correspondente europeu cujos custos para vir ao Brasil seriam elevados, a VW preferiu retocar o primeiro para que ele substitua o segundo. Como até então se tinham quatro carros para três categorias (acima destas vem o Golf), isso ainda permite que up!, Gol e Fox ganhem níveis de mercado mais separados, o que permite reduzir a concorrência interna.
Vendo sob outro ponto de vista, enquanto o costume é estender o ciclo de vida de um mesmo projeto ao focá-lo em mercados mais baratos, o Fox vai viver os últimos anos da geração atual brigando com carros mais luxuosos e caros, como Citroën C3, Chevrolet Sonic, Ford Fiesta e Peugeot 208. Talvez seja por isso que a VW imaginou que deveria dar um passo a mais: o facelift de agora deixou de lado o Polo e foi tirar inspiração do Golf: clique aqui e aqui para ver fotos dele e compare. Claro que isso significou forçar as linhas de um carro médio criado do zero em um compacto mais estreito e mais alto e que manteve a mesma seção central arredondada do projeto original. Mas as palavras da VW definem como “trazer a evolução do design mundial da marca”.
Mas não se pode negar que isso também trouxe suas vantagens. A mudança nos parachoques deixou os paralamas mais destacados, por exemplo. As lanternas ficaram mais vistosas, agora que invadem a tampa do porta-malas. E esta última agora é aberta pressionando o logotipo VW. Por dentro, as novidades são bem maiores em conteúdo que em visual. A direção assistida agora é elétrica em toda a linha, em vez de hidráulica. E vieram equipamentos inéditos, como assistência adicional de frenagem, bloqueio eletrônico do diferencial, câmbio de seis marchas, controle de estabilidade e tração, farois de neblina direcionais, hill holder, sensor de estacionamento dianteiro e os mesmos volante multifuncional e central multimídia vistos no Passat.
“Então já que ele quer ser premium, traz pelo menos alguns desses itens de série”, você deve ter pensado. Bem, infelizmente a resposta é negativa. Ar-condicionado, para dar um exemplo, só vem de série na versão de topo. E os destaques mencionados no parágrafo anterior são opcionais que só vêm para a mesma. Além disso, por mais que ele pareça ter perdido a opção duas-portas, os motores ainda decepcionam: o 1.0 12v de 82 cv do up! só aparece aqui na versão BlueMotion, ao passo que o 1.6 16v de 120 cv é restrito da Highline. Para a Trendline e a Comfortline restaram os mesmos 1.0 TEC de 76 cv e 1.6 VHT de 104 cv. O câmbio automatizado I-Motion, por sua vez, vem na versão mais nova para o 1.6 16v e na anterior para o que usa oito válvulas.
Direção, travas e vidros elétricos, calotas aro 15” e preparação para som são alguns dos itens de série da versão Trendline, que custa R$ 35.900 com 1.0 e R$ 39.800 com 1.6. Por R$ 37.690, a BlueMotion soma bancos especiais, grade preta com friso azul, indicador de troca de marcha e rodas aro 14” com “pneus ecológicos”. Em relação à primeira, a Comfortline adiciona computador de bordo, farois e lanterna de neblina, friso lateral cromado, luz de seta nos retrovisores e sistema de áudio multimídia, e custa R$ 38.190 com 1.0, R$ 41.190 com 1.6 e R$ 44.590 com 1.6 I-Motion. A Highline agrega ar-condicionado, banco traseiro corrediço, grade dianteira cromada e volante multifuncional, e custa R$ 48.490 com câmbio manual e R$ 51.790 com I-Motion.
Volkswagen Fox Pepper (23/02/2015)
Depois de aparecer no último Salão de São Paulo apenas como carro-conceito, o Fox Pepper finalmente ganhou as linhas de produção. Trata-se da mais nova tentativa da Volkswagen de emplacar uma versão de apelo esportivo do hatchback, esforço que se iniciou com a Extreme vários anos atrás. Porém, assim como em todas essas, este apelo é restrito ao estilo: tudo o que não se vê é igual à versão Highline, da qual o Pepper parte. Assim, esta variação pode desfrutar do novo motor 1.6 16v MSI, de até 120 cv, do câmbio manual de seis marchas que sempre o acompanha, e do fato de poder dividir o topo da linha com o CrossFox. Este também é mais um passo nos planos da empresa para tornar o Fox seu compacto premium, já que o Polo brasileiro não terá sucessor.
Disponível em branco, prata, preto e vermelho, a nova versão atrai mais pelo exterior. A grade dianteira usa friso vermelho e padrão colmeia, inspirada no Golf GTI, e o parachoque dianteiro traz entradas de ar mais imponentes. Nas laterais, chamam atenção o teto pintado em preto brilhante, os apliques em plástico preto na parte inferior, os retrovisores com capa vermelha (preta somente com carroceria vermelha), e as rodas de liga leve diamantadas de aro 16” (opcionais). A traseira tem ponteira de escape dupla e difusor de ar. Por dentro, vêm aros vermelhos nas saídas de ar e na alavanca de câmbio, e bancos, paineis de porta e volante multifuncional em couro sintético com costuras vermelhas. Com etanol, a empresa afirma que ele vai de 0 a 100 km/h em 9,8 segundos e alcança 189 km/h.
Volkswagen Fox Rock in Rio (30/04/2015)
Aproveitando o patrocínio que sua empresa faz ao evento, o Fox recebe a edição especial com este tema mais uma vez. O carro justifica os R$ 50.190 começando pelo exterior, que traz adesivos alusivos nas laterais, retrovisores em cromado fosco com luzes de direção integradas, grade dianteira tipo colmeia em preto brilhante, rodas de liga leve Colina aro 15”, suporte da placa traseira em preto, e lanternas escurecidas. Por dentro, os bancos têm aplique de vinil e costura vermelha, há apliques vermelhos ao redor das saídas de ar e da alavanca de câmbio, pedais em alumínio, um galão vermelho Chilli Peppers, e uma rede porta-objetos na lateral dos bancos dianteiros. O motor é sempre o 1.6 de até 104 cv e 15,5 kgfm, e a lista de itens segue a versão Comfortline.