Até os anos 1990, a Renault batizava seus carros com números. Sua operação no Brasil começou com os últimos dessa fase, 19 e 21, mas não estranhe se as (poucas) lembranças que você tiver dos dois forem associadas ao seu fracasso de vendas; comparar esse momento com o que a marca vive hoje ajuda a entender o quanto ela evoluiu no país. E analisar as respectivas linhas de modelos não faz mais que corroborar tudo isso: o lançamento apresentado por este artigo é a mais nova prova do quão bem a Renault vem aprendendo a dançar conforme a música brasileira.
Outra razão para o insucesso daqueles dois foi a época complicada em que vieram: importados da Argentina ainda não eram bem-vistos por conta da qualidade, nosso mercado ainda era fortemente dominado por poucas marcas, a rede de assistência técnica da Renault ainda era mínima… O Twingo só aumentou esses problemas, pouco depois, porque vinha da França. A situação só começou a mudar no final da mesma década, com a inauguração da fábrica brasileira. A marca começou a ganhar confiança com a Scénic, depois começou a aparecer de vez no mercado com o Clio, reforçou sua presença em segmentos mais caros com Mégane e Fluence, e finalmente conseguiu os avanços que queria ao apostar em Logan, Sandero e Duster.
Em outras palavras, a Renault fez a tal adaptação ao gosto do brasileiro, da qual tanto se fala no mundo dos carros. Ela acatou regionalismos como o de hatchback popular, o de motor bicombustível, o de aventureiro urbano e o de crossover compacto, e a confiança do público começou a vir pouco a pouco. Suas últimas investidas, a renovação completa de Logan e Sandero, associa as características pelas quais construíram sua fama às últimas tendências de mercado, e o resultado não poderia ser diferente: ambos vêm vendendo cada vez mais. Continuar tudo isso é o que motiva a novidade de agora: o câmbio automático de antes, antiquado, de apenas quatro marchas e um tanto caro, deu lugar a uma caixa automatizada, batizada Easy’R.
Sua concepção não difere do que já se vê em Fiat e Volkswagen: assim como Dualogic e I-Motion, a caixa francesa é manual e conta com embreagem única. A diferença é feita por um sistema eletrônico, que controla a embreagem e faz as trocas de marchas sozinho. Porém, além do modo automático também é possível fazer as trocas manuais em sequência, através da alavanca. A Renault ainda afirma que o equipamento se adapta ao modo de direção, passando a responder de maneira mais econômica ou esportiva de acordo com o ritmo imposto pelo motorista. Também está lá a função Creeping, que facilita as manobras de estacionamento: com o veículo engatado em primeira marcha ou ré, basta tirar o pé do freio para permitir que ele se mova lentamente.
Assim como o padrão da concorrência, a transmissão automatizada chega à dupla de sucesso da Renault como um equipamento a mais, que neste caso custa R$ 2.400. Ele sempre será associado ao motor 1.6 que já é vendido para ambos, e promete economia de combustível de até 20%. Será vendido como opcional nas seguintes configurações: com ele, o Sandero parte de R$ 43.000 na versão Expression e de R$ 47.180 na Dynamique. Já o Logan passa aos R$ 45.490 iniciais na versão Expression e aos R$ 50.180 na Dynamique. A adição deste equipamento não trouxe nenhum outro tipo de mudança nos veículos, seja em estilo interno ou externo, lista de equipamentos ou no restante da ficha técnica.