Sete anos atrás, ele levou os fãs da Honda ao delírio. Afinal, pouco depois de a sétima geração do Civic trazer seu visual revolucionário ao Brasil, a versão Si chegava para movimentar o mercado dos esportivos com direito à produção local. Mesmo sendo sedã, ela travou uma disputa acirrada com o Golf GTI até 2011, quando deixou de ser oferecida. Hoje, depois de ver a Volkswagen reformar o arquirrival por completo, os japoneses decidiram que não ficariam para trás. Mas trouxeram o novo Civic Si com mudanças tão profundas que o embate simplesmente não terá comparação com o anterior.
Um dos primeiros méritos deste modelo é exibir uma proposta de esportivo “tradicional”. Por mais que ele seja um japonês, e portanto conterrâneo dos monumentos à tecnologia moderna produzidos por Mitsubishi, Nissan, Toyota ou mesmo a própria Honda, o Civic Si passou a abrir mão de uma parte das modernidades técnicas para entregar prazer ao dirigir de uma maneira um tanto mais visceral, aumentando a conexão entre carro e condutor. Se você for falar com alguém da empresa sobre isso, a resposta certamente vai falar das vantagens competitivas do modelo em forma genérica. Mas um bom entendedor não vai demorar a perceber que falar em direção mais emocional e livre de “excesso de tecnologia” é uma clara alfinetada à escola alemã.
Como este é um produto de vendas reduzidas, a Honda preferiu importar do Canadá o carro que se vende ali e nos Estados Unidos. Porém, já que as complicações de produção foram eliminadas, ela decidiu ir além: preferiu o cupê dessa vez, para evitar o lado “família” que o Si sedã tinha. Ela também procurou fazer uma oferta interessante para os dois lados, aliás. Você paga R$ 119.900 mas o leva completo, tendo como único opcional o exterior pintado em branco, laranja, preto ou vermelho. As vantagens disso começam pelo exterior, com parachoques mais agressivos (com difusor atrás), grade dianteira com desenho exclusivo, rodas de liga leve diamantadas aro 18”, e um aerofólio apresentado como o maior já usado por um Civic.
Por dentro, os destaques incluem ar-condicionado digital, bancos esportivos em tecido, central de entretenimento com tela de 8”, pedaleiras esportivas, revestimento em preto e vermelho, e sistema de áudio com subwoofer e seis alto-falantes. Passando à parte técnica, o coração da proposta do novo Civic Si é um quatro-cilindros 2.4 16v que gera potência de 206 cv e torque de 24 kgfm, associado a tração dianteira e câmbio manual de seis marchas. Trata-se da mesma unidade usada pela geração anterior lá fora, e em números não representa grande evolução comparada ao 2.0 16v de 192 cv do antecessor brasileiro. No entanto, é aí que o carro começa a expor as qualidades que sua marca tanto priorizou nessa nova encarnação.
Com a tecnologia limitada à injeção direta de combustível e ao gerenciamento de válvulas i-VTEC, o Si procura empolgar pela direção, e não pelos números. O tratamento acústico leva o som do motor à cabine na medida certa; as trocas de marcha são sugeridas por cinco shift lights, que se acendem uma a uma com o aumento de rotação; um indicador no topo do painel sinaliza a atuação do i-VTEC; e as marchas foram encurtadas em prol da sensação de força ao acelerar. Em paralelo, a suspensão foi retrabalhada e usa componentes voltados ao conforto. Por mais estranha que pareça, essa aposta condiz perfeitamente com a proposta do carro. Enquanto o Si antigo era um sedã que acelerava forte, o de agora é um esportivo que pode ser usado todos os dias.