Trabalhar com marketing traz um poder interessante. Investir em luxo, desempenho ou eficiência costuma gerar produtos fabulosos, mas que de nada valem se não entregam o que o cliente quer. O mercado de carros tem muitos exemplos bons e ruins disso, mas também uma característica mais particular: nunca se pode ficar imune a este tipo de falhas. Estudos extensos há muitos, mas entender o passado nem sempre ajuda a estimar o futuro. O modelo que a Ford acaba de lançar no Brasil teria tudo para ser apenas mais um na multidão. Mas o marketing se fez valer mais uma vez, e o resultado é o que você está prestes a conhecer.
Desde a primeira geração, que chegou ao país no começo da década passada, o Focus sempre agradou mais na carroceria hatchback. Naquela época, o estilo do três-volumes não era dos melhores, e carros como Honda Civic, Toyota Corolla e a dupla Chevrolet Astra e Vectra já exerciam concorrência grande. Com o passar do tempo, os japoneses ficaram ainda mais competitivos, a norteamericana entrou em um segundo pelotão com a Volkswagen usando Cruze e Jetta, e até os fabricantes franceses conseguiram seu espaço. Mas o Focus continuou amargando vendas muito aquém das qualidades que tem. Como nem a vinda da geração atual ajudou muito a resolver isso, a Ford decidiu aproveitar sua re-estilização de meia-vida para aplicar-lhe uma nova estratégia de marketing um tanto inusitada.
Primeiro, o atraso em relação à chegada do hatchback foi proposital. O sedã recebeu uma campanha publicitária própria, e de altíssimo nível: seu “garoto-propaganda” é o ator escocês Gerard Butler, há uma promoção para potenciais clientes… e o nome do modelo foi alterado. Salvo pelos retoques que serão apresentados depois, sua carroceria é a mesma. Mas como seu teto cai com suavidade e termina em uma traseira curta, a Ford resolveu chamá-la de Fastback – exatamente o nome da carroceria que fez a fama do Mustang em seus primeiros anos. A intenção é fazer do carro uma alternativa mais esportiva à categoria dos sedãs médios, para seduzir os clientes que não desfrutam da seriedade da maioria dos concorrentes. Fórmula similar foi aplicada ao Fusion atual, e o resultado foi um sucesso estrondoso.
Como as imagens antecipam, a dianteira é a mesma do hatchback, adotando traços mais modernos e limpos. Nas laterais há novas rodas de 17” e na traseira um desenho mais elegante e imponente para lanternas e tampa do porta-malas. No entanto, não é difícil notar uma contradição de conceitos: embora o novo modelo queira mostrar vocação esportiva, ele não trouxe o defletor traseiro visto no modelo norteamericano, não apresenta opções de cores chamativas, e deixou as rodas de estilo mais agressivo para o hatchback. A saída, então, é considerar o Fastback como um traje “esporte fino”, em vez de esperar características de estilo mais óbvias. Por outro lado, é claro que nada disso impede seu conjunto de ser muito interessante, especialmente quando na versão topo-de-linha Titanium Plus.
Esta continua conhecida pela fartura de equipamentos, e justifica o preço de R$ 96.900 incluindo central de entretenimento Sync com tela tátil de 8”, assistente de frenagem automático, assento do motorista com ajustes elétricos, farois bi-xenônio direcionais, Park Assist 2, retrovisores elétricos, e teto solar. Quanto às outras variações, a básica S deu lugar à SE, que é mais equipada mas vem custando os mesmos R$ 77.900 – a mesma estratégia foi usada no hatchback. Já a SE Plus passa a R$ 79.900, e a Titanium custa R$ 87.900. Assim como no sedã anterior, todas usam o motor 2.0 16v Duratec, com injeção direta para gerar potência de 178 cv e torque de 22,5 usando etanol. Além disso, o câmbio automatizado Powershift, com seis marchas e dupla embreagem, vem de série e com borboletas no volante.