E mais uma vez chega esse momento. Quatro anos depois de ganhar seu segundo reprojeto profundo, os carros-chefe da VW alcançaram a fase em que se faz necessária uma re-estilização de meia-vida para continuar atrativos frente à ofensiva cada vez maior dos seus rivais. Suas mudanças foram mais profundas do que uma mera atualização visual, e procuraram encaixar-lhes melhor nas tendências mais recentes. Aliás, é de se esperar que a VW mantenha a prática desses 32 anos e já declare que a linha Gol chegou à sexta geração.
Continuando a falar do esperável, hatch e sedã se converteram à atual linguagem de estilo usada pela marca. Mas não é um exagero especular que eles tenham sido os últimos VW em todo o mundo a fazê-lo, salvo exceções como o Beetle e a nossa eterna Kombi. Ou seja, a dianteira ganhou farois retangulares escurecidos com detalhes brancos, unidos por uma grade preta que faz o conjunto parecer uma faixa preta, situada acima de outra que por sua vez abriga os farois de milha. As laterais ganharam a coluna entre as janelas em preto e novas rodas, e por fim as lanternas mudaram um pouco. Essa descrição já se torna cansativa porque atende a uma enormidade de modelos da marca com excessiva semelhança. Agora temos modelos de base como o Gol, medianos como Golf europeu e Jetta e luxuosos como Passat ou mesmo o topo-de-linha Phaeton, todos com um desenho tão parecido que fica cansativo de ver. É claro, fica fácil de se perceber nas ruas que se tratam de carros de uma mesma marca, mas essa aparição massiva traz desvantagens que não são tão desprezíveis como se possa imaginar num primeiro momento.
O problema é que os lançamentos da VW se tornam previsíveis demais. O estilo atual nasceu com o Golf de sexta geração, que por sua vez curiosamente veio na mesma época em que o nosso Gol virava G5 e ainda recebia a tendência anterior. Esses quatro anos de modelo após modelo chegando a um mesmo resultado acabaram por retirar toda a sensação de novidade que as marcas tanto almejam nos lançamentos. Claro, as lanternas do Gol trocaram a disposição de luzes e ficaram bonitas. Já as do Voyage ficaram mais largas e estreitas, aproveitando a tendência de invadir o porta-malas difundida pelo Fiat Siena. Mas não são nem um pouco diferentes, em nada. São carros que em poucas semanas já vão passar despercebidos nas ruas, em especial pelas vendagens massivas dessa linha. E toda essa exposição ainda tende a prejudicar os modelos mais caros, porque se levar um modelo de luxo da mesma marca de uma Kombi ou um Gol já é desmotivador, a situação só piora quando ele também passa a ter tanta semelhança de desenho com modelos que custam várias vezes menos.
Vale lembrar, aliás, que o Golf de nova geração chega em muito breve, e dessa vez os alemães têm planos de trazê-lo ao Brasil o quanto antes (ou deveriam ter, pelo menos). Então, a linguagem de estilo que ele trouxer vai voltar a pôr esse processo em prática… e o Golzinho aqui visto vai ficar desatualizado em tempo recorde outra vez. É inegável que as vendas da VW satisfazem a ponto de ela manter aquele plano de liderar a indústria automotiva mundial em poucos anos, mas valerá a pena consegui-lo através de ignorar a originalidade de estilo que vem imortalizando uma incontável diversidade de modelos há várias décadas?
A cabine mudou o revestimento dos bancos, o quadro de instrumentos adota iluminação branca para combinar com o vermelho usado nas telas de LCD. O sistema de som integrado ao console mudou, ganhando maior interatividade com a central eletrônica I-System. Um detalhe importante é que todo Gol ou Voyage agora traz vidros elétricos de série na dianteira e travamento central, além de alguns itens menores. Outro é que ele mudou a arquitetura eletrônica, e isso lhe trouxe novas funções. A Comfort Blinker, por exemplo, aceita o comando de seta com um toque mais leve na haste, enquanto o Emergency Stop Signal segue alguns carros de luxo: se o motorista pressiona o pedal de freio com muita força as luzes se acendem em forma intermitente, para chamar mais atenção, e quando ele pára as luzes de direção também acendem. Uma iniciativa curiosa é o Eco Comfort, que acompanha todos os exemplares com o I-System. Não traz nenhuma mudança, mas o computador de bordo passa a exibir mensagens que podem aparecer com o carro parado ou em movimento, como a de fechar as janelas quando com o ar-condicionado ligado, ou soltar o acelerador ao dar partida.
A tampa do porta-malas dos dois ganhou um interessante redesenho, ficando com aspecto mais limpo e elegante, mas não trouxe mudança na capacidade do compartimento. Já preocupação com a economia continua nos motores. O 1.0 passou por algumas melhorias e adota o sobrenome TEC, de Tecnologia de Economia de Combustível. Reduziu os índices de consumo e emissões, ao passo que potência e torque não mudaram. O 1.6 continua com a opção do câmbio automatizado I-Motion e também recebeu essas novidades, mas tampouco mudou estes últimos números. Ele não mereceu a tecnologia BlueMotion como uma versão mas sim como um pacote opcional, exclusivo para o 1.0 mas possível de se aplicar em hatch e sedã. Traz pneus 175/70 R14 de menor resistência à rolagem com calotas mais aerodinâmicas, e usa os indicadores de consumo instantâneo e troca de marcha surgidos com essa versão do Fox. O hatchback começa em R$ 27.990, enquanto o sedã parte de R$ 29.990.