Uma prática amplamente conhecida nos mercados emergentes é a de prolongar o ciclo de vida de um carro através de concentrar os investimentos em fortalecer sua relação custo/benefício. Essa é a fase em que os investimentos maiores se dedicam ao lançamento do modelo que lhe sucederá, porque o potencial do antigo já se aproveitou por completo. As novidades que você vai conhecer com este artigo também representam um momento muito importante na trajetória do Ford Fiesta no Brasil, sem considerar gerações.
Depois das referências feitas pelo artigo do novo Kia Cerato, a Autolatina volta a merecer menção aqui, em especial a sua fase de cancelamento. Afinal, Ford e VW precisavam recompor suas linhas individualmente, para completar as lacunas de uma que antes eram preenchidas pela outra. Assim como o Ka, o Fiesta chegou ao Brasil justamente nesta época, como uma tentativa de se opor ao Gol – no segmento superior, essa situação resultou na chegada do Golf para combater o Escort. Desde o começo se sabia que o propósito do primeiro Fiesta a desembarcar aqui não era mais que começar a preparar o público para um Ford popular, mas mesmo depois de trocar o espanhol pelo nacional as vendas ainda não deslanchavam. A questão é que o segmento de populares no Brasil era famoso principalmente pelos preços reduzidos, mas a fama individual de seus membros vinha da enorme tradição que fundaram durante décadas, seja pela reputação da marca ou pela do próprio carro. A Ford sempre desfrutou de boa imagem frente aos compradores, mas a linha popular (o Ka também demorou a emplacar) ainda precisava ganhar o jeitinho brasileiro, em vez de se contentar apenas com a cidadania do país. Felizmente, a volta por cima estava apenas esperando o novo milênio.
Não é qualquer um que lembra, mas o quinto Fiesta chegou ao Brasil com pompa e circunstância. A fábrica baiana de Camaçari foi inaugurada por um moderno modelo europeu que recebeu algumas mudanças de visual e um completo reprojeto interior, exclusivamente para atender o foco de agradar os brasileiros. O porte imponente trouxe espaço para cinco e para porta-malas no padrão de sucesso daqui, aliado a preços competitivos e aos benefícios futuros do enorme esforço da engenharia da marca quanto à durabilidade: sua resistência ajudou o carro a cair no gosto do brasileiro, pelo fato de não sofrer em excesso com o uso. Os usados chegariam à revenda no mesmo nível de Corsa, Gol e Palio, sem problemas demais e/ou frequentes demais. Estender tudo isso primeiro a um crossover compacto que revolucionou o mercado dos aventureiros urbanos e depois a um sedã que conseguiu a proeza de agradar no desenho mesmo sem ter sido previsto no projeto original consolidou o sucesso do Fiesta também fora da Europa e com toda uma “família” de variações. A geração seguinte veio primeiro importada do México e em versões que lhe deram o status de premium, mas o início de sua produção nacional indica que pouco a pouco o “geração cinco” vai precisar concluir as despedidas.
Pode-se dizer que a linha 2014 traz as últimas atualizações do que virou o Fiesta RoCam por aqui. A ideia é mantê-los atraentes não tanto na configuração de entrada mas sim trazendo mais itens. Usando motor 1.0, o hatchback parte dos R$ 29.990 já incluindo ar-condicionado, direção hidráulica e trio elétrico. Por mais R$ 1.000 você leva o único pacote de opcionais disponível, que adiciona acabamento interno especial, computador de bordo, farois de neblina e a dupla de airbag duplo e freios ABS, cuja obrigatoriedade no Brasil está por começar a valer. Com o 1.6 o preço passa para R$ 33.990 com um pacote inicial que já traz de série parte dos itens de antes, de forma que o pacote de opcionais para ele só traz os dois equipamentos de segurança mencionados, pelos mesmos R$ 1.000. Como a Ford mantém a prática de seus sedãs até o nível do Focus seguirem à risca a definição de serem versões dos respectivos hatchbacks, realmente não foi difícil estender a nova oferta ao três-volumes RoCam: optar por esta configuração se traduz em adicionar R$ 2.500 a qualquer um dos preços citados. Isso permite que a linha Fiesta de geração antiga alcance no máximo o preço de R$ 36.490.