Você sabe o que significa a expressão “família de veículos”? Ela se refere aos modelos de uma marca que compartilham não só a plataforma como o projeto inteiro, diferindo apenas em questões como carroceria hatchback, sedã, picape, etc. Esses “parentes” já foram mais sincronizados, mas desde os anos 2000 as questões dos setores de marketing ou mesmo engenharia vêm se encarregando de particularizar o ciclo de vida de cada um. Este vem sendo o caso da linha Gol, que só agora completa a atualização mais recente.
Pode-se dizer que os anos 1990 foram o auge desse conceito, cujo principal objetivo é alcançar múltiplos segmentos de mercado com custos reduzidos e a opção de se concentrar em fortalecer uma só imagem perante os consumidores. A primeira geração do Renault Mégane, por exemplo, contou com hatchback, sedã, perua, cupê, conversível e a minivan Scénic. Todos com o mesmo estilo básico, variado apenas para se adaptar aos tamanhos diferentes. O problema é que o passar do tempo se encarrega de revelar que os caminhos desses “irmãos” sempre divergem em alguma intensidade, o que quase sempre é um reflexo das diferenças de preferência de cada público. Hoje em dia o compartilhamento tem se restringido à parte estrutural “invisível”, para manter o máximo possível da economia de escala evitando que o ciclo de vida de um modelo sofra problemas de mercado por estar atrelado ao de outros. Chevrolet e Fiat, por exemplo, vêm obtendo sucesso com essa diferenciação mesmo no Brasil. A primeira porque compartilha várias partes internas desde um hatchback compacto como o Onix até a minivan média Spin, enquanto a segunda finalmente conseguiu emplacar o Siena como sedã premium, com a imagem de Grand Siena para se distanciar do Palio e de sua própria fase anterior.
Quando se passa à VW, no entanto, o aproveitamento deste conceito se faz em outra forma. O grupo está reduzindo o número de plataformas ao redor do mundo, mas as famílias de modelos ainda apresentam certa sincronia. Fox e Polo tiveram seus últimos facelifts aplicados de uma vez às linhas completas, mas a família Gol deixou a picape para mais tarde. Existem casos em que a defasagem só tem sentido para o fabricante, provavelmente por questões internas, como quando a Ford mostrou o facelift do Fiesta hatchback no Salão de Paris e só o estendeu as mesmas mudanças à versão sedã no Salão do Automóvel paulista, meses depois. As fotos mostram que a Saveiro, porém, é uma agradável exceção a essa regra. A dianteira recebeu uma nova interpretação da tão invariável identidade estilística da marca, ao apostar em uma entrada de ar inferior bem maior; conseguiu-se uma imponência adicional que sempre faz bem a uma picape apenas mudando o parachoque. Também foi incluída a nova arquitetura eletrônica, que permite integrar melhor os sistemas eletrônicos do carro e adicionou novos: assim como na linha Fox, a Saveiro ganhou ESS, Comfort Blinker, Eco Comfort e um detector de colisões, que logo após o acidente destrava as portas sozinho e aciona o pisca-alerta e a luz interna. O trem-de-força não foi tocado, mas foi feita uma reorganização da lista de versões.
Ser preferida para o uso utilitário deixou a cabine simples restrita à versão de entrada (R$ 33.390), que também pode vir com a estendida (R$ 36.610). Desde estas foi agregado o amortecimento da abertura tampa da caçamba, para que não caia de uma vez. Essas versões não trazem surpresas quanto à magreza da lista de itens de série, e repetem a “obrigação” de se levar o kit Trend de acessórios visuais para quem quer um mínimo de beleza. A versão Trooper (R$ 43.990) reforça sua atenção direta à Strada Trekking com um visual mais caprichado, que ganhou faixa traseira com o nome da versão e trocou as rodas pretas de aço pelo conjunto de liga leve Trend. Aos vidros elétricos e travamento central da anterior, ela adiciona airbag duplo, direção hidráulica, computador de bordo, freios ABS, rodas de liga leve aro 15” e acessórios de estilo que incluem um santantônio preto. O topo da linha fica com a Cross, cujos apliques em plástico preto e rodas exclusivas completam o visual capitaneado pela dianteira com entrada de ar inferior tão grande quanto as novas luzes auxiliares, que de novo agrupam longo alcance e neblina. Esta traz de série os itens citados e ar-condicionado, capota marítima e sensor de estacionamento traseiro, por R$ 48.990 – bancos de couro, sistema de som multimídia e volante multifuncional são alguns dos opcionais.