Quem acompanha as novidades do mundo automotivo com certeza já reparou que a Ford brasileira adotou uma estratégia nova para seus lançamentos de maior monta. Como já foi visto com as novas gerações de EcoSport, Fiesta, Fusion e Ranger, a apresentação ao público agora se faz em partes, e quase sempre em eventos públicos. Alguns podem afirmar que subdividir a novidade tantas vezes acaba retirando o impacto do lançamento real, mas o sucesso de vendas que essas novidades obtiveram mostra que o novo Focus está no caminho certo.
Pode-se dizer que uma vantagem dessa estratégia é dar ao público tempo maior para assimilar a novidade. O que a Ford faz é revelar o carro em forma gradativa, também para ganhar destaque na mídia especializada por mais tempo, mas principalmente para familiarizar o público com o lançamento. Isso faz que sua chegada às ruas tenha o valor de uma espera que se termina, em vez de ser visto pela maioria como “mais um carro novo”. Talvez essa seja a razão do sucesso dessa estratégia nova. “Novo”, aliás, virou a palavra de ordem para esta marca desde que se adotou o plano One Ford: como o objetivo é ter a linha o mais unificada possível ao redor do mundo, seus carros precisam atender às expectativas mais variadas.
Isso é o que vem se respondendo com o elevado nível dos Ford apresentados nos últimos anos. A nova geração do Focus chega para reforçar sua participação no segmento dos médios tanto contra os rivais diretos como na linha da própria marca: como o Fusion se destina ao mercado de luxo e os predicados do New Fiesta estão atrelados ao seu porte compacto, as novidades de agora encontram o próprio espaço sem dificuldades, para mais uma vez competir usando o mote da alta tecnologia embarcada que agrada a tanta gente. No entanto, as imagens já mostram que não é só aquilo que forma o poder de sedução do novo Focus – as diferenças entre os modelos vendidos ao redor do mundo são restritas a opções de cores, rodas e revestimentos.
Sua terceira geração não chegou a criar uma ruptura tão forte como as de Honda Civic e Toyota Corolla, mas fez muito bem em abandonar o conservadorismo da anterior. Ela traz uma interpretação mais agressiva da tendência Kinetic de estilo, começando pela grade dianteira quadripartida que ganha pontos por fugir do que se vê nos irmãos maior e menor mas sem chegar a destoar deles. Vale notar que o filete cromado ajuda a parte de cima a associar-se aos farois, fazendo com que este conjunto ganhe atenção em forma separada do das três grades inferiores. A lateral mostra plena sintonia com as tendências mais recentes, elevando a linha de cintura sem excesso e preenchendo o espaço de lataria com apenas dois relevos fortes, um à altura das maçanetas e o outro na base das portas.
Esta geração também repetiu a forte conexão especialmente entre hatch e sedã, que sempre compartilharam as partes até as portas traseiras. Mas as lanternas mostram que isso terminou na traseira para fazer bem aos dois: o hatch trocou a tradição das lanternas elevadas por um conjunto muito mais moderno, que na direita faz um esconderijo de muito bom gosto à abertura do tanque (o que faz lembrar da quinta porta do EcoSport). Já o três-volumes aproveitou para ganhar um conjunto igualmente estiloso, mas com identidade própria. Este último, aliás, vai ter a prioridade na publicidade da dupla porque seu desempenho na geração antiga foi pior que o do hatchback.
Mas as diferenças entre eles não vão muito além disso, o que faz a análise o interior virar sinônimo de continuar com a maré de elogios. Tanto o desenho que ressalta a grande tela central como a opção por elementos de estilo agressivo e combinação de preto brilhante com alumínio já se tornaram comuns, seja pelos rivais ou pelas próprias gerações anteriores do Focus, mas trazer tudo isso em conjunto com materiais de toque suave e encaixes precisos faz este carro cativar ainda mais. Já a lista de itens tem tudo para virar capítulo à parte, porque a intenção da Ford é fazer de sua dupla uma “vitrine de tecnologia” através de destaques como seis airbags, controle de estabilidade, monitoramento de pressão dos pneus e até assistente de baliza.
Outro aspecto muito interessante é que o trem-de-força não foi esquecido: além do câmbio automatizado de dupla embreagem Powershift disponível para os dois, o hatchback terá como motor de entrada o 1.6 16v Sigma, que recebeu algumas melhorias em relação à unidade estreada com o New Fiesta e gera 131/135 cv e 17,2 kgfm. A outra opção será a única do sedã, mas é muito mais que o 2.0 16v Duratec: ele justifica a adição Direct Flex ao nome por ser o primeiro flexível com injeção direta, o que não só lhe permite dispensar qualquer forma de auxílio à partida a frio e gerar impressionantes 175/178 cv de potência e 21,5/22,5 kgfm de torque, em um conjunto que assume o recorde da categoria.
Partindo de R$ 60.990, a versão 1.6 S já traz de série airbag duplo, alarme, ar-condicionado, monitor de pressão dos pneus, computador de bordo com tela de 3,5”, conexão Bluetooth, controle de estabilidade e tração, direção elétrica, freios ABS com EBD, rodas de liga leve de 16”, sistema de som multimídia Sync com comandos de voz, trio elétrico, hill holder volante multifuncional. A versão SE parte de R$ 63.990 e completa seis airbags, soma acabamento diferenciado, bancos de couro, controle de cruzeiro, freios a disco traseiros, rodas de liga leve aro 17” e sensor de estacionamento traseiro. Ambas vêm apenas para o hatchback e podem trocar o câmbio manual pelo Powershift por R$ 6.000, ambos com seis marchas. Optar pelo motor 2.0 sempre traz também o câmbio Powershift.
Ele começa na SE, que traz a lista da SE 1.6 por R$ 72.990, mas pode receber o pacote Plus: ar-condicionado digital bizona, sistema de entrada sem chave e partida por botão, retrovisor eletrocrômico e sensor crepuscular, entre outros, por R$ 3.000. Por fim, a Titanium 2.0 justifica seus R$ 87.990 com rodas esportivas em preto e outra central Sync, que soma touchscreen de 8”, outra entrada USB, GPS, entrada de vídeo RCA e sistema de áudio Sony. O sedã só usa o 2.0, com a sua versão S por R$ 69.990. Sua SE parte de R$ 74.990 e pode ter o pacote Plus pelos mesmos R$ 3.000 extras, enquanto sua Titanium fica em R$ 81.990. Esta última, porém, pode ter o seu pacote Plus com assistente de estacionamento, banco do motorista com ajustes elétricos, farois de xenônio, luzes diurnas em LEDs, sensor de estacionamento dianteiro e teto solar elétrico por R$ 8.000.