Muito se fala sobre o nicho de mercado que já se firmou como uma nova febre do mercado brasileiro. Seja pelo nome de “aventureiros urbanos”, “pseudo-off-roads” ou qualquer expressão parecida, a receita de adaptar carros urbanos ao conceito dos SUVs (muito) mais pelo estilo do que pela mecânica parece ter vindo para ficar. O problema é que a maioria esmagadora dessas variantes ocupa o topo de suas linhas, o que deixa essa faixa de preço um tanto elevada. Como seria, então, um membro desse clube voltado ao baixo custo?
Por mais flexível que esta categoria pareça ser, o artigo do novo Gol Rallye relembra que não foi exatamente qualquer novidade lançada que conseguiu emplacar. Por mais que as modificações visuais e mecânicas não sejam extensas, seu custo nunca priorizou as versões de entrada porque se tratam de itens secundários, de menor prioridade que os grupos de segurança e conforto, por exemplo – o cliente que equipasse seu carro com o tal kit visual mas dispensando direção hidráulica ou ar-condicionado para manter o preço dentro de seus limites ganharia um legítimo mico de vendas quando quisesse revender. Como a iniciativa dos kits de acessórios instalados em concessionária também sucumbiu à dinâmica do mercado de usados, o “caminho certo” resultou em aproveitar os preços maiores das versões de topo para ter mais liberdade ao criar as modificações de cada carro – o Citroën Aircross, por exemplo, motivou diferenças consideráveis em relação à C3 Picasso francesa que lhe deu origem. O que não se esperava, no entanto, é que depois de mais algum tempo essas regras voltassem a mudar. A mesma Fiat que fundou tudo isso com sua Palio Adventure em 1999 obteve sucesso com as versões Trekking, cuja proposta agora ganha a interpretação da VW com o Gol – será coincidência que o nome “Track” seja tão parecido ao da versão da arquirrival?
Observar as imagens permite deduzir que este carro é a variação no frills da versão Rallye recém-renovada. A ideia aqui é bem mais pragmática, usando a suspensão elevada em 23 mm como o principal atrativo para quem já queria um hatchback popular mas poderia fazer bom uso de resistência mecânica ligeiramente maior – a elevação não é grande, mas pode fazer toda a diferença para quem frequenta trechos de asfalto muito ruim ou mesmo inexistente. Vale notar como a VW caprichou em fazer do Track uma versão mais barata do Rallye desde o exterior: estão lá os retrovisores e o suporte da placa pintados em cinza e os adesivos laterais, mas o spoiler traseiro usa plástico preto, as rodas são aro 14” com pneus 175/60 R14 e mesmo que o parachoque dianteiro também venha da Saveiro, lá se empresta da versão Cross, enquanto aqui se usa o da versão de entrada da picape. O interior também economizou nas mudanças, trazendo acabamento em uma só cor mas mantendo os bancos especiais e paineis de porta feitos em plástico PET reciclado. A restrição ao motor 1.0 flex de até 76 cv não tem dificuldades em relembrar que este é um Gol popular: a lista de itens já inclui airbag e freios ABS, mas seu preço inicial de R$ 33.060 deixa como opcionais até os alertas de eficiência segurança trazidos pela nova arquitetura eletrônica, além dos mais esperados como ar-condicionado e sistema de som multimídia.