“Antítese” é uma figura de linguagem, que basicamente consiste em aproximar expressões de sentidos opostos. Nós costumamos aprender esse conceito através de obras literárias, mas o que termina fixando-o de verdade em nossas mentes são mesmo as letras de música, em especial as antigas. No entanto, basta um momento de observação para perceber que desde sempre estivemos rodeados de casos bem mais tangíveis da mesma. Como você já deve ter imaginado, os carros deste artigo estão prestes a deixar a sua lista disso um pouco maior.
Faça uma pequena busca na Internet, se quiser comprovar: qualquer texto sobre o Etios, hatchback ou sedã, passa por expressões como “baixo custo”, “simples demais”, “gosto duvidoso” e a subsequente “vendas mornas”, para ficar nas mais amistosas. Proposta de transporte tão amplo quanto objetivo e barato várias montadoras executam, e quase sempre com muito sucesso; o problema da Toyota foi ser literal demais. Como a maioria dos clientes de carros populares não podem levar algo melhor, a única forma de fazê-los gostar ainda menos deles é que eles ressaltem seu caráter barato, e portanto essa falta de poder de quem os compra. No caso do Etios, afirma-se que esse efeito é provocado pelo desenho e pelo acabamento que tem, em relação ao preço.
Ou seja, tudo converge a que o Etios teria tido mais chances de sucesso se tivesse ocupado um nível de mercado mais baixo. Nele, seu preço condiria mais com a qualidade geral, a concorrência seria menos acirrada, e a maior preocupação dos clientes com os aspectos racionais maximizariam o que o carro tem de bom, como o consumo baixo e o espaço interno amplo. Porém, você deve estar lembrando que este artigo começou diretamente com o conceito de antítese. Quer saber qual foi a mais nova estratégia da Toyota para a sua linha de compactos? Ela não só não investiu nada no mercado de acesso como na verdade fez o exato oposto: a edição especial Platinum vem focada no requinte, para tentar ameaçar concorrentes mais caros.
Custando R$ 47.090 para o hatchback e R$ 49.790 para o sedã, a novidade é baseada na versão XLS, até então a topo-de-linha. Seu exterior se destaca por grade dianteira cromada, farois e lanternas escurecidas, tampa traseira com friso cromado, farois de neblina com suportes cromados, sensor de estacionamento e rodas de liga leve aro 15”. Por dentro, as novidades são bancos de couro (com o nome do carro bordado nos encostos), detalhes de acabamento cromados, maçanetas em prata fosco e o painel “Total Black” já estreado pela linha 2014 regular. Ele apresenta uma pequena evolução de estilo, em comparação com o que o Etios usava na época do lançamento, e inclui grafismo do quadro de instrumentos em azul e preto, com os ponteiros em vermelho.
Quem acompanha as novidades do mundo automotivo com mais frequência pode até fazer conexão forte entre o Etios Platinum sedã e o Volkswagen Voyage Evidence. Afinal, trata-se de outra versão de sedã popular aspirando a faixas de mercado superiores, e com pacote de equipamentos parecido. Até o detalhe das rodas é semelhante: apesar da proposta totalmente diferente, ele também tirou as rodas de liga-leve do “irmão” hatchback em versão pseudo-aventureira – Etios Cross para os japoneses, e Gol Rallye para os alemães. Voltando à edição Platinum, todo o resto da lista de equipamentos é o mesmo da variação XLS, incluindo o trem-de-força. Os dois modelos usam o motor 1.5 16v de até 96 cv, com câmbio manual de cinco marchas.